terça-feira, 30 de março de 2010

[Opinião] Caso Isabella

Durante a semana passada, período de 22 de março até a madrugada de 27 de março, assistimos ao julgamento do casal Nardoni, Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá.
Os dois foram acusados e considerados culpados pelo assassinado da filha de Alexandre, IsabellaNardoni, uma criança de 5 anos.
Claro que a morte de uma garotinha sensibiliza a todo nós, mas gostaria de voltar a atenção para um outro foco, a família.
Isabella morreu devido a ferimentos causados por espancamento. Segundo a promotoria, a menina foi agredida primeiramentepela madrasta no carro, na frente de seus dois irmão menores, e a violência continuou quando Alexandre a levou para o apartamento do casal. Os exames mostram que Isabella caiu de uma altura de 1,25m indicando que Alexandre a derrubou, o que causou fratura na bacia e no pulso em seguida foi estrangulada pela madrasta. Na tentativa de forjar um crime, Nardoni acabou por jogar Isabella pela janela, embora a menina morreria de qualquer maneira em consequencia dos ferimentos causados pelo casal.
O que mais me assusta, além da brutalidade do crime, é o fato de tudo isso ter acontecido na frente dos outros dois filhos do casal, ou seja, situações de violência e desrespeito deveriam ser comuns dentro dessa família. Claro, isso é uma especulação pessoal.
Não acredito que um pai mate a própria filha "do nada" e Ana Carolina Oliveira (mãe de Isabella) alegou que Alexandre já chegou a ameaçar tanto ela como a mãe dela de morte. Isso me faz pensar em um comportamento no mínimo grosseiro e desrespeitoso por parte de Alexandre no dia-a-dia.
Os meninos que presenciaram tudo isso estão ainda na primeira infância, momento delicado de formação neural e psicológica, inúmeras funções nervosas estão sendo desenvolvidas e certamente a elaboração desse fato será no mínimo delicada.
Entendo o cansaço alegado por Ana Jatobá, mãe de dois meninos pequenos e madrasta de uma garotinha e que aparentemente cuidava da casa sozinha, e também aprensetava um ciúme arrebatador. Agora, ela casou com um homem que já era pai, essa é uma família contemporânea, formada a partir de relacionamentos não tão bem sucedidos no passado.
Nenhum cansaço justifica uma violência desse tamanho, criança dá trabalho, chora e faz manha. Muito menos descaso é uma opção adequada, digo isso pois Alexandre aparentou grande indiferença sobre o assunto em vários momentos (entrevistas, relatos de pessoas que estavam no julgamento).
Violência doméstica não é "privilégio" (ironia) de classes menos favorecidas, mas acontece em bairros nobres e com famílias de classe média, como a sua leitor. É um problema de saúde pública e dessa forma, deve ser encarado como tal.
Políticas de prevenção, como conversas periódicas com familiares por parte dos educadores, os pais precisam de um espaço para conversar sobre as angústias da paternidade e maternidade.
Professoras, coordenadoras, psicopedagogas , parentes e amigos devem estar atentos a sinais de violência contra crianças. É responsabilidade de todos nós cuidarmos daqueles que não podem se defender.



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