sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sugestões Culturais

Vou deixar aqui algumas peças, filmes e afins que estão em cartaz com assuntos pertinentes à área Psi. Agora é escolher qual assistir que vai ser difícil.

São Paulo

Encontro com Clarice Lispector

O que me levou a fazer Clarice Lispector no teatro foi o mistério do espelho, a identificação que sinto por ela. A vontade de trazer mais luz sobre esta mulher que revolucionou a literatura brasileira, redimensionou a linguagem falando do indizível com a delicadeza da música, usando a escrita como uma revelação, buscando o som do silêncio ou fotografar o perfume. “A arte é o vazio que a gente entendeu” diz Clarice.

Quero atingir o vazio de mim mesma para refletir a profundidade desta mulher que conhece o segredo das palavras e suas dimensões. O questionamento, é a busca constante do artista diante de sua escolha, como ela, eu gosto de intensidades.

Há dois anos mergulhei num processo de pesquisa para escrever este roteiro lendo tudo o que podia de sua obra e livros biográficos. Fiz dois workshops com Daisy Justus, psicanalista, especializada em Clarice Lispector, que analisa sua obra sob a ótica da psicanálise. Vi e ouvi tudo o que podia sobre ela, suas entrevistas, fotos, o depoimento no MIS, a entrevista póstuma na TV Cultura, enfim me tornei uma esponja de tudo o que se referia a ela.

Créditos: Fabian
Neste olhar apaixonado escolhi sua obra para recontá-la. Construí um corpo narrativo com trechos de entrevistas, depoimentos e correspondências que preparam os personagens que irão se apresentar ao público como desdobramentos dela mesma. Os temas abordados são reflexões sobre criação, vida e morte, Deus, cotidiano, palavra, silêncio, solidão, arte, loucura, amor, inspiração, aceitação e entendimento.

Clarice é muito pessoal em seus escritos e todos os seus personagens tem algo de si mesma. Acho que Joana de “Perto do coração selvagem” talvez seja a mais parecida com sua essência criativa e indomável. Ana do conto “Amor” é a dona de casa e mãe dedicada que Clarice certamente foi. Lori de “Uma Aprendizagem ou O livro dos prazeres” vive em cena as descobertas do amor e A Mulher do conto “Perdoando Deus” é uma bem humorada auto-critica.

Por: Beth Goulart



SERVIÇO:

Espetáculo: SIMPLESMENTE EU. CLARICE LISPECTOR

Temporada: Até 20 de junho

Endereço: Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo (CCBB/SP)

Rua Álvares Penteado, 112, Centro

Tel: (11) 3113-3651/3113-3652

Sextas e sábados às 19h30 e domingos às 18h.

R$15,00

http://www.bb.com.br/portalbb/home21,128,128,0,1,1,1.bb


#caixapreta



Essa peça é resultado da conclusão de curso da 58a. turma do Indac (Instituto de Artes Cênicas) e faz parte da comemoração dos 30 anos da escola.
A ideia é a seguinte: os espectadores irão selecionar 21 cenas das 35 possíveis. Cada cena tem 4 minutos de duração e são inspiradas em textos de autores clássicos e contemporâneos como Anton Tchekhov, Clarice Lispector, Harold Pinter, Henry Miller, Kinderspiel, Lewis Carroll, Oscar Wilde, Rainer Werner Fassbinder, Walt Disney e Tennesse Willianms.
O bacana é que cada peça é única uma vez que a montagem é feita na hora pelas cenas escolhidas e assim é novidade não só para o público mas também para os atores.



Serviço:

Espetáculo: #caixapreta

Temporada: Até 2 de maio

Endereço: Teatro Indac - Instituto de Artes Cênicas

Praça Américo Jacomino, 63

Tel: (11) 3862-0947

Sábados às 21h30 e domingos às 21h

Grátis

É importante chegar meia hora antes para a votação das cenas

http://www.indac.com.br/teatro/default.asp





Cachorro Morto


O espetáculo Cachorro Morto fala de perspectivas e velhas certezas sendo destruídas à medida em que mergulhamos nos sonhos de um jovem portador da Síndrome de Asperger, uma forma de autismo. Conto de simplicidade, otimismo e triunfo.
O roteiro foi inspirado em três livros: o inglês e premiado The Curious Incident of the Dog in the Night-time, de Mark Haddon; A Música dos Números Primos, de Marcus du Sautoy; e Nascido num Dia Azul, do autorDaniel Tammet.


A peça une teatro e animação digital para contar a história de um rapaz que, ao fazer
perguntas às variadas formas de ciência, acaba encontrando uma maneira nova e toda especial de olhar o mundo, levando o espectador a rever seus conceitos e se abrir para o diferente.
Cachorro Morto tem texto e direção de Leonardo Moreira e conta com os atores Aline Filócomo – uma das criadoras do Prêt-à-Porter 8, de Antunes Filho –, Luciana Paez, Joaquim Lino, Thiago Amaral e Maria Amélia Farah.


No enredo, Joaquim sabe de cor todos os países do mundo e suas capitais e também os números primos de quatro algarismos. Luciana gosta do Estado de Massachussets, mas não entende nada
de relações humanas. Thiago e Maria Amélia adoram relógios, cálculos e verdades absolutas. Aline odeia amarelo e não suporta ser tocada. Os cinco atores vivem o mesmo personagem. Ao encontrar o cachorro da vizinha morto no jardim, decidem descobrir quem o matou.
O ponto de partida de Cachorro Morto é a relação entre a matemática e outras formas de dividir e aprender. Ao multiplicar o protagonista pelos corpos dos cinco atores, a cena cria uma narrativa envolvente para a platéia, que é convidada a conhecer o universo do portador de autismo.


Mais do que entender o transtorno psiquiátrico, o espetáculo quer aproximar os espectadores de um mundo visto por um outro olhar, um outro raciocínio lógico e outras relações afetivas.
Para garantir veracidade, a equipe buscou observar e dialogar com jovens e crianças atendidos pela AMA (Associação de Amigos do Autista). "Por meio do diálogo artístico, pretendemos modificar a perspectiva do público, transferindo o olhar de si para o outro e reconhecendo-o como um ser único, diferente. Nossa proposta é estimular a abertura para que outras formas de linguagem e de expressão, além das usuais, sejam reconhecidas e respeitadas”, diz o diretor Leonardo Moreira.


A peça estreou em junho de 2008 na Unidade Provisória SESC Avenida Paulista, dentro do Primeiro Sinal, destinado a grupos emergentes. A partir dessa experiência, o grupo se formou como uma nova companhia teatral, a Cia Iato, que já está em processo de montagem de um novo espetáculo. Cachorro Morto foi contemplado PAC Circulação 2008 da secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e com o Projeto SESI Viagem Teatral e passa a se apresentar pelo Interior de São Paulo, nos finais de semana, a partir de março.



Serviço:

Espetáculo: Cachorro Morto
Duração - 60 minutos.
Censura - recomendado para maiores de 12 anos.
Ingressos – De 9 de fevereiro a 31 de março – 1 lata de leite em pó que deve ser trocada por 1 ingresso na bilheteria do Teatro ou R$10,00 e R$5,00 (meia entrada).

Temporada – terças e quartas, às 21horas.
Endereço: Teatro Imprensa
Rua Jaceguai, 400, Bela Vista
Tel: (11) 3241-4203

domingo, 11 de abril de 2010

[Opinião] Livro - O estranho caso do cachorro morto

O personagem central desse livro é Cristopher, um garoto inglês com 15 anos e apaixonado pelos livros de Sherlock Holmes. Um dia Chistopher vê o cachorro de sua vizinha deitado no jardim com um forcado enfiado em seu corpo, isso o intriga e o deixa curisoso sobre o assassino do cachorro. É aí que começa a aventura do personagem, inspirado em seu detetive preferido, ele resolver desvendar esse mistério.
Contudo, Cristopher não é um garoto como a maioria dos garotos de sua idade, ele é portador da Síndrome de Asperger, um dos chamados Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e por isso Cristopher tem uma relação peculiar com o mundo e com as pessoas ao seu redor.
Cristopher precisa de rotinas, escolhe sua comida pela cor e detesta ser tocado. Prefere viver em um mundo onde ele poderia estar sozinho, contudo, a narrativa não é nem um pouco deprimente pelo contrário é tocante e sensível.
Na sua maneira peculiar de existir no mundo, Cristopher ensina muito não só como os portadores da Síndrome de Asperger experienciam o mundo, mas também sobre o mundo e como alguns sentimentos podem nos gerar um pouco de medo (e talvez até vergonha) se serem experienciados.
O livro também encanta pela escrita humana e pelo realismo das situações vividas pelos personagens. Particularmente gosto dos capítulos serem numerados com números primos.
Enfim, é um livro espetacular e certamente está entre os meus preferidos!!!


Ficha técnica do livro:


Título: O estranho caso do cachorro morto

Autor: Mark Haddon

Vencedor do prêmio Whitbread - Livro do ano de 2003


Sinopse pela Livraria Cultura:

Criado entre professores especializados e pais que definitivamente não sabem lidar com suas necessidades especiais, Christopher Boone tem 15 anos e sofre do mal de Asperger's, uma forma de autismo. Adora listas, padrões e verdades absolutas. Odeia amarelo e marrom e, acima de tudo, odeia ser tocado por alguém. Christopher nunca foi muito além de seu próprio mundo, não consegue mentir nem entende metáforas ou piadas. É também incapaz de interpretar a mais simples expressão facial de qualquer pessoa. Um dia, Christopher encontra o cachorro da vizinha morto no jardim, é acusado do assassinato e preso. Depois de uma noite na cadeia, decide descobrir quem matou Wellington, o cachorro, e escreve um livro, relatando suas investigações.