quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Síndrome de Asperger, o início

Na próxima sexta feira, 18 de fevereiro, é comemorado o dia da Síndrome de Asperger e na contagem regressiva, colocarei aqui posts sobre a Síndrome. Aqui está a primeira parte!
Espero que gostem

Até a próxima
Renata Luder

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Síndrome de Asperger – Parte 1

Após o sucesso do personagem Sheldon do seriado norte americano “The Big Bang Theory”, a Síndrome de Asperger (SA) vem ganhando cada vez mais espaço na mídia. Claro, Sheldon é um estereótipo e por isso seu comportamento é exagerado, contudo, é bem próximo ao mundo “Aspie”. A SA faz parte de um grupo de transtornos conhecidos como, Transtornos Invasivos do desenvolvimento, TID.

“(...) os transtornos invasivos do desenvolvimento (TIDs), às vezes denominados transtornos do espectro do autismo, referem-se a uma família de distúrbios da socialização com início precoce e curso crônico, que possuem um impacto variável em áreas múltiplas e nucleares do desenvolvimento, desde o estabelecimento da subjetividade e das relações pessoais, passando pela linguagem e comunicação, até o aprendizado e as capacidades adaptativas. (...)” (Ami Klin, Marcos T Mercadante - http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462006000500001&script=sci_arttext&tlng=pt )

A Síndrome de Asperger diferencia-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo. O diagnóstico geralmente acontece tardiamente, justamente por isso.

As características da SA são conhecidas, tanto dos profissionais que trabalham na área de saúde mental bem como de leigos, por assim dizer. As características comuns aos portadores que auxiliam no diagnóstico diferencial são:

1. Dificuldade em compreender as mensagens transmitidas por meio da linguagem corporal - pessoas com SA geralmente não olham nos olhos, e quando olham, não conseguem "ler".

2. Interpretar as palavras sempre em sentido denotativo - indivíduos com SA têm dificuldade em identificar o uso de coloquialismos, ironia, gírias, sarcasmo e metáforas.

3. Ser considerado grosso, rude e ofensivo - propensos a comportamento egocêntrico, Aspergers não captam indiretas e sinais de alertas de que seu comportamento é inadequado à situação social.

4. Aperceber-se de erros sociais - à medida que os Aspergers amadurecem e se tornam cientes de sua "cegueira emocional", começam a temer cometer novos erros no comportamento social, e a autocrítica em relação a isso pode crescer a ponto de se tornar fobia.

5. Paranóia - por causa da "cegueira emocional", pessoas com SA têm problemas para distinguir a diferença entre atitudes deliberadas ou casuais dos outros, o que por sua vez pode gerar uma paranóia.

6. Lidar com conflitos - ser incapaz de entender outros pontos de vista pode levar a inflexibilidade e a uma incapacidade de negociar soluções de conflitos. Uma vez que o conflito se resolva, o remorso pode não ser evidente.

7. Consciência de magoar os outros - uma falta de empatia em geral leva a comportamentos ofensivos ou insensíveis não-intencionais.

8. Consolar os outros - como carecem de intuição sobre os sentimentos alheios, pessoas com AS têm pouca compreensão sobre como consolar alguém ou fazê-los se sentirem melhor.

9. Reconhecer sinais de enfado - a incapacidade de entender os interesses alheios pode levar Aspergers a serem incompreensíveis ou desatentos. Na mão inversa, pessoas com SA geralmente não percebem quando o interlocutor está entediado ou desinteressado.

10. Introspecção e autoconsciência - indivíduos com SA têm dificuldade de entender seus próprios sentimentos ou o seu impacto nos sentimentos alheios.

11. Vestimenta e higiene pessoal - pessoas com SA tendem a ser menos afetadas pela pressão dos semelhantes do que outras. Como resultado, geralmente fazem tudo da maneira que acham mais confortável, sem se importar com a opinião alheia. Isto é válido principalmente em relação à forma de se vestir e aos cuidados com a própria aparência.

12. Amor e rancor recíproco - como Aspergers reagem mais pragmaticamente do que emocionalmente, suas expressões de afeto e rancor são em geral curtas e fracas.

13. Compreensão de embaraço e passo em falso - apesar do fato de pessoas com SA terem compreensão intelectual de constrangimento e gafes, são incapazes de aplicar estes conceitos no nível emocional.

14. Lidar com críticas - pessoas com SA sentem-se forçosamente compelidas a corrigir erros, mesmo quando são cometidos por pessoas em posição de autoridade, como um professor ou um chefe. Por isto, podem parecer imprudentemente ofensivos.

15. Velocidade e qualidade do processamento das relações sociais - como respondem às interações sociais com a razão e não intuição, portadores de SA tendem a processar informações de relacionamentos muito mais lentamente do que o normal, levando a pausas ou demoras desproporcionais e incômodas.

16. Exaustão - quando um indivíduo com SA começa a entender o processo de abstração, precisa treinar um esforço deliberado e repetitivo para processar informações de outra maneira. Isto muito freqüentemente leva a exaustão mental.

Geralmente portadores de SA enfrentam muitas dificuldades quando passam da adolescência para a idade adulta, uma vez que o jogo de regras sociais se torna mais sutil e necessário. Essa dificuldade pode gerar muita ansiedade, depressão e causar alguns problemas entre o “aspie” e seus familiares.

Vale ressaltar que o QI de aspergers está na faixa de normalidade, ou seja, não há prejuízo cognitivo, assim, podem cursar universidades, fazer pós graduação e serem adultos autônomos e independentes.

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